Poluição sonora marinha

Quais novas tecnologias tem sido criadas para minimizar o efeito da poluição sonora marinha e qual tem sido a influencia dos governos nesse topico?

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Que pedrada, hein! Também quero saber. :laughing: A última novidade que produzimos sobre o tema no Correio Sabiá foi a respeito de um programa de monitoramento sonoro na Bacia de Santos, que levou 6 anos e envolveu coleta de sons. Enquanto você lê aqui, vou rapidinho chamar o Rafael Menezes pra te responder o restante. :joy:

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Opa, vamos la!

Sobre as tecnologias, vai depender da fonte do ruído que estamos falando. De embarcações, está diretamente ligada à tecnologia dos motores e dos geradores. Eu pessoalmente não tenho conhecimento de desenvolvimento de motores que tenham objetivo de serem menos ruidosos (é muito provável que tenha mas acho que não em larga escala comercial). Mas uma regra geral é que tecnologias mais novas tendem a ser mais eficientes energeticamente e menos ruidosas, por outro lado quanto maior a potência maior o ruído também. Em obras costeiras, o que se usa de tecnologia para reduzir ruídos são bolhas de ar para conter a propagação dos ruídos. Mas é indispensável que haja um bom planejamento de realizar as atividades de forma controladas (com limites de decibéis), em horas do dia que sejam menos impactantes para a fauna, e não realizar atividades em caso de avistamento de cetáceos no entorno. Para este tipo de conhecimento, é preciso de monitoramentos de longo prazo e entender a fauna e a paisagem acústica local. E é nessa linha que entra a influência do estado. Não especificamente um governo ou outro, mas as exigências da legislação ambiental, que cada vez mais exigem esse tipo de controle e monitoramento como contrapartida para executar alguma atividade, ou de financiamento de pesquisa como compensação, principalmente nos setores de óleo e gás e portuário. A designação de áreas marinhas protegidas e controle de circulação de embarcações nelas também é muito importante para reduzir os impactos em faunas mais sensíveis.
Foi bem superficial, mas espero ter respondido a dúvida de uma forma geral. Posso dar uma pesquisada com mais exemplos se quiser!

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muito obrigado, @rgmenezes

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Que resposta maravilhosa. Achei tão boa que estou pensando em produzir um conteúdo só sobre essa interação de vocês 2, @mdias e @rgmenezes :wink::handshake:

Dá pra dizer que é justamente dessa necessidade de “entender a fauna e a paisagem acústica”, que precisam da “influência do Estado”, como você disse, que ocorreu a pesquisa na Bacia de Santos que nós reportamos no Correio Sabiá, né?

@rgmenezes, dá uma olhada na reportagem que mencionamos acima da sua resposta, sobre a Bacia de Santos. Quem fez parte dessa pesquisa, que durou 6 anos, foi o Fabio Contrera. :nerd_face:

Esse estudo da Bacia de Santos é um bom exemplo sim, conduzido com dados coletados pela Petrobras (como parte do licenciamento ambiental exigidos pelo Ibama) e da Marinha, com os dados costeiros e mais ‘expertise’ na área de acústica.
A partir desse trabalho podemos entender melhor o alcance e as frequências dos sons gerados pelas atividades conduzidas na Bacia de Santos. Com um bônus muito interessante do efeito da intensidade das correntes marinhas nos sinais coletados pelos equipamentos, abrindo frentes de investigação para outras pesquisas.

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Como assim? Foi possível coletar sons das correntes, é isso? Tipo, as correntes conseguiram interferir no som captado pelos aparelhos e isso também abre linhas de pesquisa sobre, por exemplo, correntes marinhas e acústica?

Mais ou menos isso. Os equipamentos utilizados também medem as correntes, e eles observaram uma relação de maior pressão sonora com maior intensidade das correntes. Fabio pode explicar melhor sobre isso, mas pelo que entendi a partir de uma determinada intensidade de corrente é captado um sinal acústico associado a vibração do equipamento, ou do próprio fluxo de água, mascarando a detecção de outros sinais de baixa frequência, como das embarcações. Isso pode abrir frentes para tentar entender, por exemplo, se é possível aplicar alguma correção nos dados, de como reduzir a vibração dos equipamentos, ou de como as correntes e suas inversões ao longo da coluna d’água podem influenciar, ou não, na propagação do som.

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Simplesmente sensacional. Nunca saberia disso se você não tivesse me ensinado agora.

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